quinta-feira, 17 de maio de 2012

MP dá prazo de 15 dias para que Metrô apresente informações sobre acidente

Dois inquéritos civis foram instaurados pelas promotorias do Consumidor e do Patrimônio Público



O Ministério Público do Estado de São Paulo deu prazo de 15 dias para que o Metrô apresente informações sobre o acidente desta quarta-feira (16) na linha 3 – Vermelha, quando dois trens bateram entre as estações Carrão e Tatuapé, na zona leste, deixando 49 passageiros feridos.
Segundo a assessoria de imprensa do MP, as promotorias de Justiça do Consumidor e do Patrimônio Público e Social da Capital instauraram inquérito civil. Além disso, o promotor criminal Airton Oliveira Negrão foi designado pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar as investigações da Polícia Civil sobre o acidente.

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O prazo de 15 dias é referente ao inquérito da Promotoria de Justiça do Consumidor. Conforme a assessoria do MP, o promotor de Justiça Gilberto Nonaka notificou o Metrô para que apresentasse manifestação escrita sobre fatos, esclarecendo, inclusive, qual era o sistema operacional usado no momento do acidente.
Segundo o texto da portaria de instauração do inquérito civil, em qualquer das três modalidades de operação – totalmente automatizado, semiautomático e manual –, “as técnicas de automação adotadas pelos sistemas operacionais – e, na sua falta, pelo operador do trem – deveriam possuir o condão de assegurar a prestação do serviço público com segurança, regularidade, conforme e baixo intervalo entre os trens”.
Por meio da assessoria do MP, o promotor destacou que “nos termos do art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. 
A Promotoria também enviou ofício ao Instituto de Criminalística solicitando cópia do laudo pericial do local do acidente, de acordo com a assessoria do Ministério Público.
Eficiência e adequação
No inquérito civil instaurado pelo promotor de Justiça do Patrimônio Público Walter Foleto Santin, um dos objetivos é reunir elementos importantes à “aferição da eficiência e adequação de cumprimento do dever de prestação de serviços públicos em geral, de interesse difuso ou coletivo, por se tratar de serviço público essencial concedido pelo Estado à iniciativa privada e que deve ser adequado às necessidades da população paulistana”.
Conforme a assessoria do MP, a promotoria pediu informações ao Metrô sobre as “causas do acidente, se foram adotadas as regras seguras de separação de trens, quais eram as velocidades dos trens no momento do choque, qual sistema de operação utilizado na ocasião, se a rede de comunicação estava em funcionamento e se foi utilizada, qual a extensão do acidente, quais os prejuízos, qual a gravidade em relação às vítimas, se foi prestada assistência adequada aos feridos e se há estudos de prevenção e segurança de acidentes e análise de riscos”.
Com o inquérito, o promotor também pretende apurar se as “recomendações técnicas e tecnológicas e os protocolos de segurança e de redução de riscos foram obedecidos, quantos acidentes ou paralisações ocorreram nos últimos anos, quais providências foram ou serão adotadas para adequação do sistema metroviário, se o sistema de transporte metroviário está funcionando no seu limite estrutural e da capacidade operacional e funcional, técnica ou tecnológica, entre outros detalhes”.

Grávida que caiu em acidente do Metrô passa bem

Trinta e três foram atendidas pelos Corpo de Bombeiro e 16 pelo Samu






feridosDaia Oliver/R7
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O acidente só não causou uma tragédia de grandes proporções por causa da ação do condutor, de acordo com representantes da categoria mulher de 37 anos grávida de três meses que caiu nesta quarta-feira (17) durante a batida entre dois trens do Metrô, na zona leste de São Paulo, está em bom estado de saúde. A informação é do Hospital São Carlos, na Vila Matilde, onde ela está internada. 

Acidente no metrô pode ter sido causado por falha no sistema de velocidade

Reportagem aborda o acidente e traz explicações sobre a causa



Após o terrível acidente no metrô de São Paulo, na quarta-feira (16), que foi acompanhado minuto a minuto ao vivo no Hoje em Dia, o programa retomou o assunto nesta quinta (17). 

A colisão entre trens do metrô em São Paulo pode ter sido causada por uma falha no sistema que controla a velocidade dos trens. Segundo o presidente do sindicato dos metroviários, o acidente só não foi pior, porque o condutor do metrô conseguiu frear o trem.

Entenda o caso na reportagem exibida no Hoje em Dia.


Acidente no metrô pode ter sido causado por falha no sistema de velocidade






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A colisão entre trens do metrô em São Paulo pode ter sido causada 
A colisão entre trens do metrô em São Paulo pode ter sido causada por uma falha no sistema que controla a velocidade dos trens. Segundo o presidente do sindicato dos metroviários, o acidente só não foi pior, porque o condutor do metrô conseguiu frear o trem.

Veja como foi o acidente entre os trens do Metrô

Mais de cem pessoas foram atendidas em hospitais da zona leste após a batida



O acidente entre dois trens do Metrô ocorrido na quarta-feira (16) levou 103 pessoas a hospitais da zona leste de São Paulo. A batida ocorreu por volta das 9h50 perto da estação Carrão da linha 3 - Vermelha (Corinthians/Itaquera - Palmeiras/Barra Funda).
Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, a velocidade da composição que bateu na traseira da outra era de, no máximo, 12 km/h.
Como o trem acelerou ao invés de parar, o condutor teve de mudar ao sistema para o modo manual e acionar o freio de emergência.

Sindicato já havia feito denúncias ao Ministério Público sobre falhas no Metrô em 2011

Dossiê protocolado em dezembro se refere a problemas em frota da linha Vermelha





acidente-documento-metro-gLuiz Guarnieri/AE e Reprodução/Sindicato
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Acidente na linha 3 mandou mais de 100 pessoas para o hospital
O acidente que envolveu dois trens do Metrô, ocorrido nesta quarta-feira (16) próximo à estação Carrão, na zona leste da capital paulista, pode ter sido apenas a ponta do iceberg de um problema maior. Em dezembro de 2010 e em novembro de 2011, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo apresentou denúncias ao Ministério Público do Trabalho da 2ª Região, apontando “falhas graves” que teriam sido observadas em alguns trens.
A denúncia mais recente refere-se especificamente à frota K, da linha 3 - Vermelha, a mesma linha onde aconteceu a batida entre os dois trens na quarta-feira. Um dossiê, elaborado por funcionários ligados à Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da Companhia do Metropolitano de São Paulo, também foi entregue à Procuradoria.
R7 teve acesso aos documentos com as denúncias feitas ao Ministério Público.  Eles reúnem dados “a respeito de gravíssimos acidentes que expuseram os trabalhadores da categoria metroviária a alto grau de risco”. As falhas apresentadas no dossiê teriam ocorrido nos dias 2, 14,15, 16 e 30 de setembro de 2011 e 4 de outubro do mesmo ano.
Segundo a ocorrência do dia 2, o trem K01 estava alinhado na plataforma Sé, na linha 3 - Vermelha, sentido Barra Funda, quando houve um "estouro e um forte tranco no trem".  Foi verificada a existência de fumaça e iniciou-se a retida dos passageiros das composições.
— Houve dificuldade em evacuar todo o trem, pois um dos carros ainda estava no interior do túnel. Após o desligamento dos disjuntores, houve uma nova tentativa de movimentar o comboio numa velocidade de 20 km/h.
Neste momento, um novo estouro aconteceu. O comboio, então, seguiu a 10 km/h até a estação Barra Funda, onde teria acontecido “estouro mais forte, incendiando o carro 5”.
De acordo com a denúncia do sindicato, funcionários e usuários disseram que as chamas chegaram à altura do trem, sendo necessário o apoio da brigada de incêndio.
As investigações realizadas por membros da Cipa teriam constatado que “as caixas de fusíveis do trem estavam presas com parafusos inadequados e, com a trepidação, uma das caixas soltou-se, ocasionando um curto-circuito quando um dos cabos entrou em contato com  o trilho energizado”.
A denúncia apresentada ao Ministério Público do Trabalho pelo sindicato é enfática ao afirmar que o incidente colocou em risco a vida de funcionários e passageiros.
— Através das informações técnicas obtidas com a preliminar investigação da Cipa, chegou-se à conclusão de que era possível a energização da caixa do trem, com risco de morte de funcionários e usuários, considerando que a tensão elétrica considerada é de 750 Vcc.
Trem em movimento, mesmo com freio
A ocorrência registrada no dia 14, segundo documento do Sindicato dos Metroviários, refere-se a uma suposta falha em um dispositivo elétrico do trem K07, quando ele teria aplicado freio de emergência e, mesmo assim, teria se movimentado.
— Na ocasião, foi constatada falha no botão de rebocamento, onde se verificou, o trem não poderia mover-se, inobstante, o trem seguiu em movimento por uma estação, e sem sinalizar qualquer falha na cabine líder. Realizados testes, foi constatado que em qualquer posição o trem sinalizava freio de emergência por baixa pressão.
Na ocorrência do dia 15, nova falha foi verificada no trem K01, segundo o dossiê. O problema teria acontecido na "barra detectora de obstáculos [dispositivo de emergência] de frente do trem, devido à queda do suporte do equipamento".
De acordo com a denúncia, “o incidente implicou em grave risco de descarrilamento, caso o trem passasse por cima do equipamento”.
No dia posterior (16), o K01 seria enviado para circulação normal na operação comercial, no entanto, instantes antes de sua liberação "houve uma falha de tração, o trem não se movimentava em ATO [automático] e nem em ATO Red [redundante], com isso, teve que retornar para a linha de testes do Pátio Itaquera".
O mesmo trem voltou a apresentar problemas no dia 30 do mesmo mês. Conforme o documento entregue pelo sindicato à procuradoria, o incidente aconteceu novamente em horário de pico.
— Na ocasião, as portas do trem não abriram de forma automática, somente de modo manual, e em ATO Red, o trem aplicava freio e emergência, e não se movimentava, o que ocasionou excessivo atraso no sistema. Tal falha tem se revelado constante, e que implica, repita-se, em atraso no sistema.
A última ocorrência descrita na denúncia aconteceu no dia 4 de outubro, na Estação Belém, sentido Barra Funda, às 19h20 e envolveu o trem K07. O carro também precisou ser evacuado, pois só se movimentava manualmente.
— Na ocasião, foi necessário que o CCO [Centro de Controle Operacional] criasse estratégia de manobras na Estação [Santa Cecília], porque o K07 teve que ser levado manualmente até o enlace de Sé, razão pela qual o sistema foi operado em velocidade reduzida e maior tempo de parada nas plataformas por aproximadamente 20 minutos.
“Testes no dia a dia”
Na denúncia levada ao MPT, o sindicato é categórico ao afirmar que os trens da frota K haviam passado por reformas e  incluídos no sistema metroviário “sem testes prévios”.
— (...) assim os testes, em verdade, estão sendo realizados no dia a dia, com atendimento à população, expondo os trabalhadores que operam nos sistemas a risco constante, de graves acidentes como relatados.
O sindicato propõe Ação Civil Pública, "a fim de afastar o risco iminente de acidentes gravíssimos, com a suspensão da circulação dos trens da frota K, para robustas avaliações técnicas, até que confirmadas as condições de segurança de operação, bem como a condenação da Cia. do Metropolitano de São Paulo, ao pagamento de indenização por danos morais coletivos".
A entidade pediu ainda a instauração de inquérito civil, para que se proceda a investigação sobre a conduta da Cia do Metropolitano de São Paulo, "quanto ao atendimento das normas de segurança e condições de circulação dos trens da frota K".
Solicitou também a imediata suspensão da circulação dos trens da frota K até o término das investigações e reparos necessários, "a fim de prevenir acidentes graves, como os noticiados".
Outro lado
Em nota, enviada no final da noite desta quinta-feira, o Metrô disse que "ao contrário do que afirma o sindicato, os trens modernizados da frota K cumprem extenso protocolo de testes antes de sua entrada em operação comercial". Segundo a empresa, "falha em trens e equipamentos eletromecânicos fazem parte do cotidiano do Metrô, que possui equipes de manutenção sempre à disposição".
O Metrô informou ainda que, desde 2001, os investimentos no transporte vem crescendo e que, em 2011, foram gastos R$ 614,6 milhões com a manutenção do sistema.
Assista ao vídeo


Veja onde foi a batida entre os trens do Metrô